Cortejo para enterrar idoso passa em casa de show, tem brinde com cachaça e dança de forró, seguindo os desejos manifestados por ele em vida

O sepultamento de Paulino Lopes Bhering, conhecido como Paulinho Pescador, morador de Viçosa, na Zona da Mata mineira, será lembrado como um momento de alegria, emoção e descontração, com direito a passagem por uma casa de forró, dança, salva de palmas e brinde com cachaça.

Segundo a família, a despedida ao idoso de 73 anos, realizada no último sábado (19), foi feita seguindo os desejos manifestados por ele em vida.

“Tinha uns dois meses que os médicos disseram que o caso dele [fibrose pulmonar] não tinha mais tratamento. Tudo que ele queria comer, a gente dava um jeito e fazia. E tudo que ele pedia a gente ia fazendo”, explicou Alan Leal, genro de Paulinho.

Conforme Alan, antes da piora no quadro clínico, o sogro ia sempre à casa de shows da cidade acompanhado da esposa, e passar pelo local antes de ser enterrado era um desejo dele.

“Ele adorava ir lá dançar forró. Liguei o som do meu carro bem alto, com Alemão do Forró, que era um artista que ele gostava muito. Fizemos como ele queria”.

As cachaças, segundo Alan, eram rótulos especiais que Paulinho ia guardando em casa. “Os amigos e familiares foram tomando e dançando perto do caixão”.

Durante a parada do cortejo, uma salva de palmas também foi dada ao homenageado que recebeu também um ‘golinho’ da bebida dentro do caixão. “Ele merece, você tá doido”, disse um dos presentes.

Paulino tinha seis filhos, vários netos e um bisneto.

“Era uma pessoa alegre, muito forte e companheira. Conhecido na cidade toda, principalmente no bairro onde morava. A palavra dele valia mais que assinatura”, orgulha-se o genro.

Funcionário de funerária surpreendido

A homenagem foi filmada por Joel Julio de Andrade, funcionário da funerária contratada pela família.

Conforme ele, durante o traslado do corpo da capela do Hospital São João Batista até o Cemitério Colina da Saudade, a família solicitou a alteração no percurso, que foi prontamente atendida.

“Foi muita emoção. Cumpriram a vontade dele. Em 17 anos de funerária, nunca vi nada parecido”, surpreende-se.

Segundo ele, o vídeo tem repercutido muito na cidade. “Mandei para todo mundo, e todos falaram que também nunca viram”.